quarta-feira, 1 de agosto de 2012


Entrei naquela van que me esperava na frente da Universidade para  á volta a casa, muda e calada, porém com o coração inquieto. No rádio antigo daquela van estacionado em uma frequência da qual eu não conhecia, tocava uma música familiar não só a mim, mas a todos por estar na lista das mais tocadas  e aquela melodia me irritou até a última nota por se encaixar perfeitamente com o que havia me ocorrido, com o soco no estomago que acabará de tomar. 
Dizia a música: "Então eu não vou deixá-lo perto o suficiente para me machucar" que era o que eu realmente queria.Por fim conclui... a culpa não era dele, quanto menos da música. A culpa era totalmente e unicamente minha, por esperar muito das pessoas, do tempo, das palavras, (aaah sim, principalmente das palavras), por me abrir para um ser desconhecido, por confiar nesse ser de olhos  que me pareciam ser confiáveis que o conhecia á apenas quatro semanas.

Tola, pensei.Há pessoas casadas á mais de três décadas, tempo bastante para se conhecer alguém e seus gostos, embora alguns desses casais certamente  dividem o mesmo teto, a mesma cama, e nem por isso se conhecem por completo. E eu só o conhecia a quatro semanas, o que poderia esperar? NADA, NADA, NADA.Essa palavra "NADA" veio martelando em minha cabeça e continua ao mesmo tempo em que me sinto uma tola, insegura e amedrontada.Eu sabia que o dia não seria fácil. Tola, pensei novamente.



Estava eu lá com meu "collant" preto e aquela saia leve e um pouco curta da qual eu nunca gostei, as meias eram ao meu critério, eu as tinhas de todas a cores mais no momento estava usando aquela de um tom de rosa bebê, as sapatinhas também da mesma cor. Naquele galpão com pouca luz, espelho enormes revestindo todas as paredes, o taco sempre bem encerado e um telhado de vidro que mudava a cor do local conforme o sol refletia. Eu sabia bem onde me encontrava e era o local em que me sentia mais viva. Então a música começou, e eu a segui, dancei como nunca tinha dançado para uma iniciante.
E um barulho enlouquecedor me despertou, retirei as cobertas que me revestiam e pude ver que era apenas um sonho e que eu não voltaria aquele local tão cedo por conta do ferimento no pé por um acidente de moto. Me coloquei sentada e já em soluços, sera que  nunca mais vai melhorar e que jamais poderei usar aquela sapatilha novamente e subir com leveza nas pontas dos pés ...
Com as memorias de todas daquelas aulas de Ballet que me pegaram desprevenida, sabia que hoje não seria um bom dia.